O Brasil está firmemente posicionado na categoria “duplo B” com perspectiva estável, A possibilidade de o país descer mais um grau na escala, conforme ele, é a principal pergunta dos investidores em relação ao país. Mas, embora ainda apresente fraqueza em suas finanças públicas, o país não está exposto à volatilidade externa e apresentou melhoras do ponto de vista da demanda doméstica. Em 26 de fevereiro, a Fitch rebaixou de “BB” para “BB-” a nota de crédito do Brasil, o IDR (Issuer Default Rating – Rating de Probabilidade de Inadimplência do Emissor) de Longo Prazo em Moeda Estrangeira do Brasil, e revisou a perspectiva para estável, de negativa antes.
O caminho do Brasil ao retorno do grau de investimento (espécie de selo de bom pagador) será longo, mas poderia ser acelerado com consolidação fiscal, estabilização do endividamento e um ambiente de atração de investimento, crescimento e ainda um ambiente mais estável do lado político. O tempo que cada país leva para retomar o grau de investimento, contudo, varia, em média, mais de 50% dos países rebaixados pela Fitch, nas últimas duas décadas conseguiram recuperar o selo de “bom pagador”. Demorou em média seis anos, mas há uma variedade de prazo. Enquanto a Malásia e Coreia do Sul demoraram menos de um ano. países que sofreram com crises cambiais demoraram mais como a Colômbia, que levou 11 anos, e a Indonésia, 14 anos.
Para o Brasil a Fitch espera crescimento de 2,5% do PIB este ano e melhora de 2,7% em 2019. o quadro eleitoral incerto é um dos principais fatores de risco para a economia brasileira e a sua nota de crédito é muito difícil prever. Hoje o quadro eleitoral, mesmo cerca de seis meses da votação é um dos pontos de maior incerteza para o país.
Mesmo diante deste cenário, nos deparamos com a Tecnologia inovadora da gigante americana do comércio eletrônico Amazon, alvo mais recente das críticas do presidente dos Estados Unidos Donald Trump aperta o passo para dar um salto em suas operações no Brasil. De olho no crescimento do comércio on-line local, que deve movimentar R$ 53,5 bilhões este ano, 12% a mais que em 2017, a empresa já negocia com a indústria para ampliar as linhas de produtos para venda e entrega direta aos consumidores no país.
No ano passado, a Amazon já havia lançado aqui sua operação de marketplace, na qual marcas e varejistas vendem por meio da sua plataforma digital. Junto com a ampliação das categorias de produtos, a gigante também está quadruplicando sua estrutura de logística, com o aluguel de um galpão de 50 mil metros quadrados para estocar produtos no município de Cajamar, na Grande São Paulo. Hoje, utiliza um galpão de 12 mil metros quadrados na cidade de Barueri.
– A Amazon lançou seu marketplace em outubro, vendendo eletrônicos como TVs, celulares e computadores de terceiros. Um mês depois, ampliou a oferta em seu shopping virtual, com produtos de casa e cozinha. Agora, já começou a se reunir com fabricantes (de diferentes setores, que vão de eletroeletrônicos até perfumes) para fazer a venda direta e melhorar sua logística. A empresa começou devagarinho no Brasil, mas está acelerando – confirma uma fonte que acompanha os movimentos da empresa.
Segundo a fonte, a decisão de ampliar os investimentos aqui deve-se à retomada da economia, que depois de três anos de recessão deve crescer cerca de 3% este ano, puxada em boa parte pelo consumo das famílias, e também ao avanço da concorrência. Empresas como Mercado Livre, Magazine Luiza, Walmart, Via Varejo e B2W vêm ampliando suas operações de marketplace e de venda direta. A Amazon chegou ao país em 2012, vendendo livros, e diversificou suas ofertas muito gradualmente, perdendo terreno.
O segmento de marketplace, que inclui produtos novos, usados, reformados e de artesanato, deve movimentar R$ 73,4 bilhões este ano no Brasil, alta de 21,9% ante 2017, segundo estimativa da Ebit, consultoria especializada em comércio eletrônico. Segundo a Ebit, a migração de usuários do varejo físico para o on-line e, principalmente, a expansão das compras feitas pelo celular, por gente que antes não comprava pela internet, vêm impulsionando os números do setor.
– Com o marketplace, a Amazon viu a possibilidade de aumentar sua rentabilidade, abrindo a estrutura de seu site para vendedores qualificados e cobrando uma porcentagem de cada venda. Agora, a empresa se prepara para comprar produtos e fazer a venda direta ao consumidor final, aproveitando sua escala – diz Pedro Guasti, presidente da Ebit.
Nos Estados Unidos, o marketplace da Amazon responde por metade do seu faturamento, que em 2017 deve ter atingido US$ 198 bilhões, estimam consultorias americanas. Lá, é possível comprar de tudo na Amazon, de peixe fresco a instrumentos musicais. Um amplo leque de opções que a companhia quer ter no Brasil.
Só de produtos eletroeletrônicos, a Amazon já oferece no Brasil 110 mil itens. Em novembro, a empresa adicionou mais 90 mil itens ao seu catálogo, incluindo produtos como liquidificadores, cafeteiras, aspiradores e talheres.
A Amazon movia-se com lentidão porque ainda tinha dúvidas se o consumidor brasileiro tem maturidade para as compras multicanal. Os números da Ebit sinalizando crescimento de dois dígitos no comércio eletrônico mostram que o brasileiro cada vez mais utiliza os canais on-line. Até mesmo as lojas físicas já vêm oferecendo a possibilidade de compra via internet, com retirada na própria loja ou entrega no domicílio, o que os especialistas chamam de vendas multicanal.
Por isso, a Amazon tem pressa. Entre fevereiro e março, a empresa realizou em São Paulo uma série de reuniões com fabricantes de produtos diversos. Foi uma espécie de apresentação da empresa e dos planos de expansão no Brasil. Ainda não existe uma data fechada para o início da operação de venda direta, mas os fabricantes interessados em fornecer seus produtos à Amazon foram convidados a se cadastrar no site. Outro sinal dessa nova estratégia é a transferência da sua base logística para Cajamar. A prefeitura da cidade confirma que a Amazon registrou-se para exercer atividade econômica no local.
Além do início da venda direta, se as negociações entre a Amazon e os franceses do Casino avançarem no Brasil, como foi noticiado recentemente, as operações dos americanos podem dar um salto ainda maior. Casino e Amazon se associaram para venda de alimentos na França. E segundo rumores de mercado, a parceria poderia se repetir no Brasil, envolveria a Via Varejo – que é dona das marcas Casas Cahia e Ponto Frio, ambas com lojas físicas e presença forte no comércio eletrônico – e tem como sócio majoritário o Casino.
O Criador de Ideias
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